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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

CASA DO SOL E DAS ARTES

Boa noite meu povo! sabem de quem é esse poema?

Para poder morrer

Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.





É isso mesmo Hilda Hilst


E olhem que história ! CASA DO SOL E DAS ARTES,  só pessoas que não foram contaminadas e escravizadas por esse sistema é que conseguem ir além, pois seus sentimentos e seus sonhos estão livres de qualquer aprovação e reprovação:

1961 foi um dos anos mais importantes para a escritora Hilda Hilst (1930-2004). Se, por um lado, sua beleza, elevada condição social e reconhecido talento a faziam constante presença nas colunas sociais, por outro, vivia uma crescente angústia, havia publicado cinco livros de poemas, mas acreditava estar muito aquém de seu potencial. Foi por esse período que ganhou das mãos do poeta português e amigo Carlos Maria de Araújo um exemplar de Lettreau Greco (esgotado), escrito por NikosKazantzákis e que mudaria a sua trajetória.

Impressionada com as palavras do autor, para quem um escritor necessita se isolar completamente para abordar o mais profundo da condição humana, Hilda tomou uma decisão: largar seu casarão paulistano para morar em uma chácara perto de Campinas (interior do Estado de São Paulo) e, ali, continuar a escrever sua obra. Os 800 m² de área construída receberam o nome de Casa do Sol. Nela, a escritora criou publicações – entre poesia, prosa e teatro – das mais importantes do Brasil. Antes de falecer, fez questão de compor o Instituto Hilda Hilst, um projeto cuja missão era a de ser uma continuidade de sua própria vida ao oferecer infraestrutura para que criadores passassem um tempo lá e criassem obras com toda a tranquilidade.

É esse local que, oito anos depois, está pronto para receber artistas residentes nas mais diversas áreas de atuação. “Temos espaço para dois residentes não bolsistas. Basta contatar pelo site www.hildahilst.com.br descrevendo o motivo do interesse em morar na Casa do Sol”, diz o presidente da entidade, Daniel Fuentes. “Faremos entrevistas para seleção. Quando for a época ideal, será elaborado um edital público com regras claras e banca de seleção de projetos. Dependendo dele, os períodos podem flutuar entre três, seis e 12 meses.”


Hilda foi epígrafe de Caio
Um dos vários artistas que passaram certo tempo na Casa do Sol foi Caio Fernando Abreu. Gil Veloso, autor de Fábulas farsas e amigo do escritor nos seus últimos 10 anos de vida, afirma que ouviu dele várias vezes sobre como foi importante essa breve estadia. “Foi uma espécie de rito de passagem do Caio para a sua profissionalização na literatura, quando aprendeu com Hilda toda a disciplina necessária no estudo e reflexão diários e de como o escritor se faz como leitor”.

Entre 1968 e 1969, durante a ditadura militar, Caio fugia da repressão e intercalou temporadas clandestinas entre São Paulo, Rio e Campinas. Em 1970, publica o primeiro livro,Inventário do ir-remediável(esgotado), dedicado à autora. “Foi na Casa do Sol que este romance tomou forma e selou a amizade para toda a vida”, salienta o especialista. “Hilda foi uma espécie de epígrafe do Caio, no sentido de pedir passagem, anunciar.”

FONTE: REVISTA CULTURA 

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