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domingo, 13 de novembro de 2011

UMA RÁPIDA PROSA


            Estava entre colegas professores, quando uma delas começou a falar que ia trocar os móveis, outra se empolgou e falou que seu presente de final de ano seria uma televisão de não sei quantas polegadas e do modelo “x”, a outra interveio e falou que ia trocar o carro, embora o seu fosse ano 2008, e por aí a prosa se desenrolou. Fiquei ali escutando em silêncio, quando uma ousou e me perguntou o que eu iria trocar, muito tranquilamente falei que por enquanto nada, pois tudo que tinha na minha casa estava de bom uso, a televisão não era das mais modernas, porém, eu assistia aos programas que gostava, inclusive com imagens nítidas, meu sofá não era assim, nem assado, mas qualquer pessoa poderia sentar confortavelmente,  e falei da minha compreensão sobre esse “ter que fazer” ou “ter que ter” porque é moda, isso gerou uma polêmica! E no final de toda minha exposição sobre o que penso disso tudo e da minha compreensão do capitalismo e ainda do meu cuidado para não ser devorada por ele, me denominaram de tudo, menos de uma mulher “moderna”. Esse momento me rendeu algumas boas horas de reflexão sobre o quanto continuamos manipulados e escravos do consumo sem nos dar conta, e como temos descartado tudo porque não é novo; e o pior é que não temos descartado só coisas, objetos, temos descartado pessoas, sentimentos, valores e olha, aqui pra nós é difícil, é uma tarefa muito difícil não comungar com esse formato de pensamento. Penso que logo, logo serei descartada desse grupo de colegas professores.

                                                                                                          Cida Ribeiro

Com a ação por impulso profundamente incutida na conduta cotidiana pelos poderes supremos do mercado de consumo, seguir um desejo é como caminhar constrangido, de modo desastroso e desconfortável”. Zygmunt Bauman

3 comentários:

  1. Interessante a reflexão, pois é exatamente uma das épocas em que o consumo mais aumenta e as trocas do que se tem por aquilo que se deseja aumenta consideravelmente. Um bom texto, uma boa reflexão sobre desejos que nada mais representam que um "certo vazio". Parabéns! Começamos bem a semana. Beijos

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  2. Te conhcendo um pouco, imagino tua cara ao escutar papo desta natureza. A febre do consumismo, deixa as pessoas loucas e descontroladas ao sentir a chegada do natal e ano novo e não resistir a tracar de objetos mesmo que seja supérfulo mais tenha uma apresentação. No mundo tão capitalista e consumista, as pessoas deixam de mudar os seus atos mesquinhos, sentir o próximo mais próximo, refletir sobre o que fez, como fez,e o que poderia fazer. Vivemos no mundo onde somos aquilo que temos ou apresentamos ter, pessoas, valores, sentimentos... perderam seus valores. Graças a Deus que ainda existem pessoas que coisas e objetos são apenas detalhes e não referências.
    Parabéns! O mundo precisa de pessoas como você, que diante de tanto consumismo e desvalorização do ser humano, tem a coragem de dizer o que sente mesmo que não haja o respeito a liberdade de pensamento.
    Beijos

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  3. Grata, fiéis seguidoras! e a luta continua. Bjs

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