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domingo, 29 de maio de 2011

HÁ EM MIM

Há um grito calado em mim
Que imobiliza todo o meu ser
Que corrói aos poucos m'alma

Há uma expressão guardada em mim
Que alimenta minha dor
E vitimiza minha solidão

Há passos guardados em mim
Que por pouco não se perderam
Por falta de caminhos

Há em mim, tardes sem poentes
Manhãs sem nascentes
Luas sem céu

Há em mim olhos que não fingem
alimento que não sacia
Grito que silencia

Há em mim, crianças famintas
sonos sem sonhos
Jovens sem planos

Há em mim uma pátria madrasta
um hino sem melodia
um país sem poesia

Há em mim, um rio que sangra
Há secas e enchentes
uma fé ardente
Que dorme e acorda
Mas não sai de mim.


                   Maria Ribeiro

Um comentário:

  1. espetacular esse seu poema. Um impacto! Um espanto! Um convite! Ou simplesmente: um silêncio contemplativo de tão belas palavras em harmonia.

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