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domingo, 2 de junho de 2013

SARAU............

Bom dia meus queridos (as)! Um domingo de esperanças, possibilidades, sonhos e muita poesia. Não sei o que houve mas, acordei ás 6 horas e os livros pareciam se movimentar no melhor lugarzinho do meu apartamento, a poesia quase fala e aí óbvio, me rendi. Algumas folhas amareladas pelo tempo mas, a beleza de cada palavra, de cada expressão estava ali, intactas... a   essência, o humano, o sentimento, sonho.....tudo do mesmo jeitinho e o resultado foi esse: um sarau: eu e meus eternos companheiros e companheiras de prosa e poesia:

Vamos lá?



                                    VINÍCIUS DE MORAIS- NOVA YORK-1950
Poética
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.




  

AUTOPSICOGRAFIA

 O poeta é um fingidor.
 Finge tão completamente
 Que chega a fingir que é dor 
 A dor que deveras sente. 
 E os que leem o que escreve, 
 Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 
 E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, 
 Esse comboio de corda Que se chama o coração.

FERNANDO PESSOA 


    
 CLARICE LISPECTOR

 O sonho
Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.


 FERREIRA GULLAR   
 Traduzir-se


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?






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