Boa noite meus queridos (as)! Nenhum discurso político, nenhuma argumentação filosófica, apenas um olhar registrando a bela poesia do cotidiano.
Último sábado resolvi sair pra
almoçar fora, respirar um pouco, ver o movimento da vida, sentir o cheiro de
gente, me sentir viva dentro desse encantador cotidiano, coisas que não tenho
feito normalmente. Em um dado momento a pessoa que estava dirigindo o carro, (às
vezes não consigo por conta de algumas reações) estacionou e foi resolver um
problema seu, fiquei dentro do carro esperando, quando para ao lado um senhor
com um carro de picolé, alguém perguntou se ele havia vendido muito picolé,
onde com alguns poucos dentes na boca e
assim mesmo estragados, um grande chapéu de palha que certamente não havia
impedido proteger a pele pois estava extremamente avermelhada e ressecada, com
um semblante tranquilo respondeu: - oxe, não vendi nada! mesmo com esse sol, a
feira de artesanato cheio de turista,
nem uma mosca passa, mas eles não querem
picolé não, só querem cachaça. O que me impressionou foi a tranquilidade, a
serenidade com que aquele senhor relatou aquele dia de insucesso. E fiquei pensando
a forma simples como esse povo vive e encara a vida, fiquei pensando nessa
linda capacidade do povo, verdadeiramente povo não ser contaminado por essa
busca desenfreada do “ter” que a classe alta, media alta... Sei lá o que são tão escravas. Fiquei imaginado um grande empresário
relatando um dia como esse. E aí o senhor seguiu com o seu carro de picolé, sem
reclamar, sem blasfemar, sem desistir, seguiu. Em seguida fui à casa da minha
irmã e quando voltava quem eu encontro? Um carro de picolé estacionado em frente
a um barzinho, meu olhar buscou imediatamente os detalhes do cenário e está lá, aquele
chapéu, aquele mesmo senhor tomando a sua cerveja com a boca escancarada, não
esperando a morte chegar mas, dando boas risadas da vida e pra vida. Fiquei encantando
com a cena e ela só me disse uma coisa: como complicamos a vida! Como tudo
seria diferente, mais leve... se fôssemos menos escravos.
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