Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que
nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não
ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa
Eu sou o amor, eu sou a solidão, eu sou o sonho, eu sou a ilusão; eu sou a esperança, eu sou o choro e o riso eu sou o meu coração, eu sou a razão, eu sou a palavra não dita e o silêncio proferido.....Acordei hoje, olhei-me no espelho e não me vi, insisti várias vezes me buscando nas antigas madeixas e não mais encontrei. Começo a experienciar esse doloroso processo de depenação, as velhas penas da águia começam a cair e confesso (sem drama!)nada fácil! continuei me observando e nessa troca de olhares entre eu e o reflexo do espelho consegui chegar dentro de mim e aí mais uma vez vi que eu estava ali, com o coração firme, a alma serena, e um grande desejo de ser cada vez melhor e senti que o que temos por fora são apenas adereços vulneráveis ao tempo e as tempestades, que descoloram, que caem, que mancham... Continuarei minha Travessia e em breve como as lições da grande mãe natureza nos ensina, outras primaveras surgirão e a velha águia estará com novas penas e saírá de trás das montanhas para mais um ousado voo.
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