Estava fazendo uma faxina geral e
na parte que diz respeito aos meus livros, que é a melhor parte, impossível não
reler aqueles trechos e frases destacados por mim na época que os li. Cada
livro que abria e lia tinha a sensação de está novamente vivendo meu passado,
era a possibilidade de revisitar a minha história, e o que me chamou atenção, é
que tudo que relia dos textos destacados era tão atual, tão novo que a sensação
era de que estivessem sido escritos agora. As abordagens, os questionamentos,
sempre os mesmos. Passaram-se tantos anos e ali estava eu, mais uma vez dialogando
com os autores, porém um diálogo mais calmo, mais sereno, sem muita pretensão de
chegar a uma conclusão, a uma verdade e eu particularmente continuava a discutir,
a defender, a acreditar nas mesmas coisas que outrora defendia, e essa
revisitação me fez mergulhar mais uma vez dentro de mim e perceber a grande
importância que a leitura teve na minha
formação como pessoa, mulher e cidadã, estava ali uma mulher madura, com posicionamentos claros,
com um olhar particularmente seu diante da vida, com uma postura definida, com
uma clareza do seu papel no mundo.... Enfim os livros e a minha formação, os
livros e os meus sonhos, os livros e as minhas convicções, os livros e as
minhas dúvidas, os livros e a minha história... E fiquei pensando quanta
contribuição àquelas folhas amarelada pelo tempo deram para minha formação, quanto
sou grata a Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Florbela, Machado de Assis,
Jorge Amado, Sigmund Freud, Shyrely Maclaine, Paulo Freire, Hermann Hesse, Alberto
Camus, Cecília Meireles, Lya Luft, Drummond, Vinicius de Morais... Como sou
grata aos homens e mulheres que não desistiram dos seus sonhos, que não se
deixaram oprimir, que deram asas à imaginação, que se permitiram colocar os pés
no chão, mas, não deixaram de voar no mundo dos sonhos, como sou grata aos
homens e mulheres que não se deixaram intimidar pelos determinismos estabelecidos
por um modelo de sociedade que por vezes só nos castra, nos paralisa, como sou grata
aos idealistas e nesse momento não poderia esquecer de registrar a importância
de uma grande mulher ( minha vó ), uma escritora sem papel e sem caneta na mão mas, escreveu os mais
lindos versos, porque sua vida foi um poema que me inspirou a ver, sentir e viver
apesar dos percalços da forma mais leve e sem medo de enfrentar as adversidades.
A esses homens e mulheres e essas folhas que falam e que se imortalizaram em mim, minha gratidão.
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